
GIST: entenda o que é o tumor estromal gastrointestinal
O tumor estromal gastrointestinal (GIST, na sigla em inglês) é um tipo de sarcoma. Trata-se de um tumor raro, que surge, geralmente, no estômago ou no intestino delgado. Além disso, é mais incidente em pessoas de meia-idade, embora possa ocorrer em indivíduos de qualquer faixa etária.
Neste artigo, revisado pelo Dr. Roberto Pestana, oncologista clínico do Hospital Israelita Albert Einstein, localizado na capital paulista, explicamos os principais aspectos do GIST. Para conhecer seus sintomas, entender as causas e fatores de risco, bem como saber como é o processo de diagnóstico e tratamento, continue a leitura!
O que é o tumor estromal gastrointestinal (GIST)?
O tumor estromal gastrointestinal é uma neoplasia que, na maioria das vezes, surge no trato gastrointestinal. Além do estômago e intestino delgado, responsáveis por cerca de 60% e 35% dos casos, respectivamente, o GIST pode ocorrer no esôfago, cólon e reto.
Há, ainda, uma pequena porcentagem diagnostica da fora do aparelho gastrointestinal, encontrada na cavidade abdominal. São tumores que se desenvolvem no omento (camada de tecido adiposo) e/ou no peritônio (revestimento fino, presente nos órgãos e nas paredes abdominais).
Assista o vídeo do Dr. Roberto sobre o assunto:
Como é a incidência e o prognóstico do GIST?
O GIST é uma doença com baixa taxa de incidência. A maior parte dos seus portadores tem mais de 50 anos de idade, embora o tumor possa aparecer em pessoas de todas as idades.
Em relação à taxa de sobrevida (em cinco anos),a expectativa varia conforme o estadiamento no momento do diagnóstico. Dessa forma, ela é de:
- mais de 90%, para os tumores localizados (sem sinal de disseminação);
- mais de 50%, para os tumores à distância (quando houve disseminação para outros órgãos);
Assim, quando o tumor estromal gastrointestinal é diagnosticado e tratado precocemente, o prognóstico é bastante favorável. Mas, atenção: essas estatísticas não levam em conta outros fatores importantes, como a idade, as condições clínicas e os hábitos de vida do paciente. Sabe-se que esses elementos afetam o prognóstico, podendo alterá-lo consideravelmente.
Quais são seus principais sintomas?
Muitas vezes, o GIST é assintomático. Porém, com o avanço da doença, alguns pacientes passam a apresentar sinais e sintomas que são indícios do problema. Tratam-se, na maior parte das vezes, de manifestações genéricas, como mostramos a seguir.
Hemorragia
O tipo de hemorragia varia conforme o local onde o tumor está localizado no trato gastrointestinal. Dessa maneira, sua ocorrência pode provocar:
- vômitos com sangue, se a hemorragia for intensa e estiver presente no estômago ou no esôfago;
- evacuação com sangue imperceptível (fezes escuras e com odor forte),se a hemorragia for leve e originada do estômago ou do intestino delgado;
- evacuação com sangue visível, se a hemorragia for intensa e estiver presente no intestino grosso;
- anemia e, consequentemente, sensação de cansaço e fraqueza inexplicáveis, se a hemorragia for leve, ocorrendo em qualquer parte do sistema gastrointestinal.
Vale lembrar que a hemorragia no trato gastrointestinal pode ser grave. Portanto, caso reconheça algum desses sinais e/ou sintomas, procure atendimento médico o mais breve possível.
Outros sintomas
Os demais sintomas são comuns a outras doenças e condições. Porém, também podem ter relação com o GIST, precisando ser investigados pelo oncologista em conjunto com diversos dados clínicos. Os mais frequentes são:
- dor abdominal persistente, de intensidade variada;
- ascite (inchaço na região da barriga);
- náuseas e vômitos (sem sangue visível);
- sensação de saciedade duradoura;
- falta de apetite, também duradoura;
- perda de peso sem motivação aparente;
- disfagia (dificuldade para engolir os alimentos).
Como agir ao reconhecer um ou mais sinais e/ou sintomas?
Depende. Se apresentar sinais e/ou sintomas genéricos, é preciso ficar atento. Por mais que sejam comuns a diversas condições clínicas, se persistirem por dias, deve-se procurar um atendimento médico.
Já se houver qualquer sintoma relacionado a uma possível hemorragia, principalmente, com sangue visível nas fezes ou no vômito, procure ajuda médica imediatamente. Além disso, dores abdominais fortes também são motivo para uma ida ao pronto-socorro. Isso porque, o tumor estromal gastrointestinal pode ter crescido a ponto de obstruir o estômago ou o intestino. Nessas situações, o protocolo padrão é a remoção imediata, por meio de uma cirurgia de emergência.
Leia também: Presença de sangue nas fezes, o que pode ser?
Quais são as possíveis causas e os fatores de risco?
Não se sabe, ao certo, quais são as causas do tumor estromal gastrointestinal. Tudo indica que eventos aleatórios, que ocorrem dentro das células, sejam os principais responsáveis pelo seu surgimento.
No entanto, há indícios de que alguns fatores de risco podem influenciar a ocorrência do GIST — ainda que não se possa precisar o quanto interferem. São eles:
- ter mais do que 50 anos de idade;
- apresentar determinadas mutações genéticas, tais como síndrome de Carney-Stratakis e neurofibromatose tipo 1.
Como é feito o diagnóstico?
O processo até o diagnóstico da doença é diferente em pacientes assintomáticos e sintomáticos. Entenda a seguir.
Diagnóstico em pacientes assintomáticos
Como não há exames de rastreamento específicos para tumores raros, muitas vezes, eles tendem a ser identificados “por acaso”. É o que ocorre no caso do tumor estromal gastrointestinal em pessoas assintomáticas, que estejam em fase inicial (ou até pré-maligna).
Assim, o GIST pode acabar sendo descoberto acidentalmente, a partir de exames de rotina (check-up médico anual). Pode, também, ser identificado em meio à investigação de outra condição. Além disso, alguns tumores assintomáticos acabam sendo descobertos durante cirurgias abdominais, realizadas para tratar outros problemas de saúde.
Diagnóstico em pacientes com sintomas
Quando o paciente apresenta sinais e sintomas suspeitos, o médico pode solicitar exames que ajudam a identificar a presença e a localização do tumor. São eles:
- exames de sangue, para confirmar um quadro de anemia, por exemplo;
- provas de função hepática, para investigar se há sinais de metástase para o fígado;
- endoscopia digestiva alta, para visualizar o esôfago, estômago e intestino delgado e, se necessário, colher amostras de tecidos suspeitos para serem analisadas;
- colonoscopia, para visualizar o reto e o cólon e extrair, se preciso, partes suspeitas para posterior biópsia (como pólipos);
- endoscopia com cápsula (também chamada de cápsula endoscópica),para visualizar e analisar a parte média do trato gastrointestinal (que não é alcançada pela endoscopia e colonoscopia, sendo necessária a ingestão de uma cápsula com uma microcâmera que é naturalmente expelida pela defecação);
- ultrassom endoscópico, um tipo de endoscopia que permite uma visualização ainda melhor da área afetada, bem como a determinação exata da sua localização e se houve a disseminação para linfonodos (gânglios linfáticos) ou outros órgãos.
Após a biópsia, realizada por um médico patologista, se necessário, a amostra coletada segue para a realização de outros testes (como imuno-histoquímica, testes genéticos moleculares ou índice mitótico). Apenas quando estiver com todos os resultados e laudos em mãos, o oncologista pode determinar o diagnóstico e definir a melhor estratégia de tratamento.
Como é realizado o tratamento?
Uma vez confirmado o diagnóstico, a abordagem terapêutica é definida com base no estadiamento (tipo, local, tamanho e severidade do tumor) e no quadro de saúde geral do paciente. O tratamento padrão do GIST pequeno, ainda localizado, é a ressecção cirúrgica. Geralmente, o tipo de procedimento é feito por laparoscopia (técnica cirúrgica minimamente invasiva).
No entanto, outras terapêuticas podem ser associadas, antes e/ou após o procedimento, visando potencializar os resultados da cirurgia e aumentar as chances de cura. É o caso da radioterapia e da terapia alvo.
Veja mais detalhes a respeito neste artigo: Como é feito o tratamento do tumor estromal gastrointestinal (GIST)?
Atualmente, há diversos medicamentos direcionados contra as células do GIST, tais como o imatinibe, sunitinibe, regorafenibe, avapritinibe, e ripretinibe, entre outros. Além disso, há novos medicamentos direcionados sendo liberados.
Esse cenário positivo é possível porque o conhecimento sobre o GIST avançou muito nos últimos anos, sendo um dos tumores com maior aplicação da oncologia de precisão. Essa, por sua vez, consiste em considerar as informações genéticas das células tumorais, para definir a terapêutica mais adequada. Assim, pode-se aumentar as chances de cura e reduzir os efeitos colaterais, favorecendo a saúde e a qualidade de vida dos pacientes.
Todo GIST precisa ser tratado?
Não necessariamente. De acordo com a literatura médica, a remoção de GIST menores do que 2 cm é um assunto controverso, ainda sem consenso científico.
Nesses casos, recomenda-se avaliar, por meio de endoscopia, se existem indicativos de alto risco. Na ausência de achados preocupantes, para tumores pequenos, que não crescem nem provocam sintomas, indica-se apenas o acompanhamento, realizado periodicamente, por meio de exames de imagem.
Que especialista deve conduzir o tratamento?
A American Cancer Society reforça que o tratamento desse tipo de neoplasia é bastante complexo. Por isso, deve ser interdisciplinar, sendo conduzido por um oncologista com especialização na área, em contínua atualização e com vasta experiência. Ao mesmo tempo, exige o acesso a recursos de ponta, disponíveis apenas em centros de referência em oncologia.
Dr. Roberto cumpre todos esses requisitos. Inclusive, boa parte do seu tempo é dedicada às pesquisas clínicas, com foco em novos tratamentos (realizados com terapia alvo e imunoterapia) para sarcomas.
Portanto, caso você ou algum familiar esteja à procura de um oncologista especializado em tumor estromal gastrointestinal, conte com o Dr. Roberto. Ele atende presencialmente no Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, SP, e também realiza consultas on-line, por telemedicina.
Para agendar sua consulta (presencial ou remota) e fazer uma avaliação individualizada, preencha o formulário no site. Se preferir, marque-a pelo telefone (11 2151–0556) ou pelo WhatsApp (11 99150-9179). Dr. Roberto e sua equipe estão à disposição!
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