Quimioterapia ou Radioterapia: qual a diferença?

Quimioterapia ou Radioterapia: qual a diferença?

Muita gente desconhece qual a diferença entre quimioterapia e radioterapia —tratamentos amplamente usados em pacientes oncológicos. Pois bem: a principal distinção está nos efeitos colaterais. Na quimioterapia eles dependem do tipo de medicamento empregado e, na radioterapia, da dose de radiação e da área tratada. Isso, entre outros fatores, claro.

Neste artigo, escrito sob revisão do Dr. Roberto Pestana, oncologista do Hospital Israelita Albert Einstein, na capital paulista, falamos sobre o assunto. Continue a leitura e esclareça suas dúvidas!

Qual a diferença entre quimioterapia e radioterapia?

De maneira resumida, a quimioterapia é um tratamento cuja medicação é administrada por via venosa ou oral e a ação se dá no corpo inteiro. Já a radioterapia é direcionada para uma área específica, podendo ser externa (radiação emitida por aparelho) ou por braquiterapia (aplicadores posicionados no local do tumor). Conheça cada uma a seguir.

Quimioterapia

quimioterapia utiliza medicamentos para destruir os tumores. Por ser um tratamento sistêmico, ela atinge não apenas as células cancerosas, mas também as sadias. Ela pode ter objetivo:

  • curativo, ou seja, capaz de controlar totalmente o tumor;
  • adjuvante, realizada após a cirurgia para eliminar células cancerosas remanescentes e diminuir o risco de recidiva e/ou metástases à distância;
  • neoadjuvante, realizada para reduzir o tamanho do tumor antes da cirurgia;
  • paliativo, realizada para aliviar sintomas e/ou tratar metástases, visando melhorar a qualidade de sobrevida do paciente.

Radioterapia

radioterapia utiliza radiações ionizantes para destruir ou inibir o crescimento das células cancerosas. Assim como a quimioterapia, seu objetivo pode ser curativo, adjuvante, neoadjuvante e/ou paliativo.

A radioterapia também pode danificar as células dos tecidos saudáveis, próximas à área na qual os raios são direcionados — mas, geralmente, elas se recuperam.

Aliás, para quem deseja entender qual a diferença entre quimioterapia e radioterapia, esse é um ponto importante. Por mais que a radioterapia seja planejada de modo a preservar, ao máximo, as células normais, o risco sempre existe.

Quais são os efeitos colaterais de cada tratamento?

Efeitos colaterais são reações indesejadas. A quimioterapia pode provocar a queda dos cabelos, os quais voltam a crescer quando as sessões se encerram. Além disso, pode levar à prisão de ventre ou diarreia, enjoo e vômito, feridas na boca e hiperpigmentação da pele. Há ainda, complicações como anemia, leucopenia (diminuição dos glóbulos brancos, os quais combatem infecções) e trombocitopenia (redução nos níveis de plaquetas, necessárias à boa coagulação).

A radioterapia costuma provocar vermelhidão, descamação e escurecimento da pele da área tratada. Outro efeito colateral comum é a queda dos pelos ou cabelos da região, que também voltam a crescer. Demais complicações variam conforme a área irradiada.

Quais são os cuidados durante os tratamentos?

Alguns cuidados colaboram para o sucesso do tratamento, assim como para a redução dos efeitos colaterais. Por exemplo:

  • adotar uma dieta balanceada, rica em alimentos naturais e pobre em ultraprocessados;
  • beber bastante líquido, dando preferência à água, por dia;
  • buscar maneiras de minimizar o estresse com as tarefas do dia a dia e dormir bem;
  • procurar atendimento psicológico, caso se sinta angustiado em relação à doença.

Cuidados específicos para a quimioterapia

No caso dos efeitos colaterais específicos da quimioterapia, recomenda-se manter a boca sempre limpa e evitar o consumo de alimentos muito condimentados, ácidos, duros e/ou quentes. Isso ajuda a prevenir as feridas orais.

Para lidar com os enjoos e/ou vômitos, além de tomar os remédios indicados pelo médico, vale a pena:

  • ingerir alimentos frios;
  • tomar bebidas gasosas;
  • escolher um ambiente calmo e livre de odores para se alimentar;
  • fracionar as refeições ao longo do dia. Ou seja, comer mais vezes e em pequenas porções, sempre mastigando bem.

Em relação à prevenção das manchas na pele, indica-se adotar os cuidados básicos de fotoproteção:

  • uso diário de filtro solar, principalmente nas áreas expostas;
  • evitar o sol das 10 às 16 horas;
  • utilizar chapéu ou boné;
  • manter a pele bem hidratada, usando bons cremes.

Quanto às células sadias afetadas (glóbulos brancos, vermelhos e plaquetas),para minimizar os problemas, é preciso manter uma boa higiene corporal e bucal. Outras dicas são:

  • evitar aglomerações ou locais sem ventilação;
  • tomar cuidado para não se ferir;
  • não ter contato com fezes de animais;
  • antes de tomar vacinas (de campanhas ou regulares),consulte seu médico.

Cuidados específicos para a radioterapia

Para evitar os efeitos colaterais da radioterapia, são recomendados cuidados de higiene e hidratação da pele da área tratada, conforme as indicações médicas. Já para tratar complicações específicas, relacionadas ao local irradiado, recomenda-se adotar as orientações da equipe responsável.

Quando cada tipo de tratamento é indicado?

escolha do tratamento é uma decisão tomada entre o médico e o paciente, considerando os prós e contras individuais. As opções terapêuticas são apresentadas pelo oncologista responsável. São definidas com base:

  • no tipo, estágio e localização do tumor;
  • na presença ou ausência de metástases;
  • no estado de saúde geral;
  • nos possíveis efeitos colaterais.

A quimioterapia e a radioterapia também podem ser associadas no tratamento. Essa necessidade depende dos resultados dos exames e do quadro de cada paciente.

E tem mais: ainda que a dupla “quimio” e “radio” continue sendo essencial e tenha evoluído muito, hoje em dia existem alternativas. São opções que possibilitam a individualização dos tratamentos, promovendo a máxima eficiência com o menor efeito colateral. Isso aumenta as chances de cura e melhora a qualidade de vida dos pacientes.

Portanto, agora que você conhece qual a diferença entre quimioterapia e radioterapia, vale destacar que essas terapêuticas não são as únicas formas de tratar um câncer. As chamadas terapias-alvo, que atacam, diretamente, as células cancerosas, são cada vez mais empregadas. Além delas, há as imunoterapias, que potencializam o sistema imunológico do paciente, para que ele mesmo consiga combater os tumores.

Esperamos que o assunto tenha ficado claro. Mas, em caso de dúvidas, já sabe: entre em contato e conte conosco!

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Publicado por: - Oncologista - CRM 170.446 | RQE 97248
O Dr. Roberto Pestana (CRM 170.446 | RQE 97248) é oncologista clínica do centro de oncologia do Hospital Israelita Albert Einstein. Além disso, ele é médico do ambulatório de sarcomas do Hospital Municipal Vila Santa Catarina.