sarcoma de Kaposi é um câncer raro, que surge e se desenvolve nas paredes dos vasos sanguíneos ou dos vasos linfáticos. Diferente dos demais sarcomas de partes moles, que se originam em células dos tecidos conjuntivos e podem ter componente genético, ele é causado pelo herpes vírus 8 (HHV-8). Por isso, pode atingir a pele, as superfícies mucosas (como na boca) ou os órgãos internos (como os do sistema digestivo e respiratório). Sua incidência é maior em pessoas com imunidade baixa, como transplantadas, portadoras de doenças autoimunes e HIV-positivas.

Neste artigo, mostramos tudo sobre esse tipo de sarcoma. Continue a leitura e esclareça suas dúvidas!

Quais são as causas do desse tipo de câncer?

Como mencionado, a infecção pelo HHV-8 associada ao comprometimento imunológico é o principal fator de risco para o sarcoma de Kaposi.

Quais são os tipos de sarcomas de Kaposi?

De acordo com as formas epidemiológicas, o sarcoma de Kaposi pode ser epidêmico, clássico, endêmico e associado a transplante de órgãos sólidos. Conheça suas características a seguir.

Epidêmico

O sarcoma de Kaposi epidêmico é o subtipo mais comum e ocorre em indivíduos HIV-positivo. Quando o HIV compromete a imunidade, pessoas que também estavam infectadas com o HHV-8 ficam mais propensas a desenvolver o sarcoma de Kaposi.

Esse tipo de neoplasia pode gerar múltiplas lesões, que geralmente se situam na face e no tronco. Além disso, pode acometer as mucosas, o sistema gastrointestinal e os linfonodos.

Clássico

O sarcoma de Kaposi clássico costuma acometer homens mais velhos (com 60 anos ou mais) e também têm relação com a infecção pelo HHV-8. Sua incidência é mais frequente em populações do leste europeu, mediterrâneo e Oriente Médio, bem como em seus descendentes.

Diferente do tipo epidêmico, em geral apresenta crescimento lento. Além disso, gera poucas lesões, mais comumente situadas nas pernas.

Endêmico

O sarcoma de Kaposi endêmico tem incidência na África Equatorial, geralmente, em indivíduos com menos de 40 anos. Nessa região, a infecção pelo HHV-8 é bastante comum — o que explica o risco aumentado para desenvolver a doença. Esse tipo de sarcoma costuma progredir rapidamente e pode afetar gânglios linfáticos e outros órgãos.

Associado a transplante de órgãos sólidos

O sarcoma de Kaposi associado a transplante de órgãos sólidos se desenvolve em alguns pacientes transplantados, devido ao enfraquecimento do sistema imunológico. Isso ocorre por conta das drogas imunossupressoras, administradas para diminuir a rejeição ao novo órgão. Com a queda na imunidade, a possibilidade de transplantados infectados pelo HHV-8 desenvolvê-lo aumenta consideravelmente.

Sintomas e diagnóstico

O sarcoma de Kaposi se caracteriza por lesões avermelhadas, arroxeadas ou amarronzadas, que podem inchar e provocar dor. Geralmente, elas aparecem nas pernas ou no rosto.

diagnóstico é relativamente simples. Além do exame físico, ele costuma ser obtido por meio da biópsia das lesões, após a análise de um patologista.

Uma vez confirmado o diagnóstico, o especialista continua a investigação. O objetivo é avaliar o estadiamento (estágio) em que a doença se encontra — ou seja, se está restrita à pele e/ou à mucosa da boca ou se também acometeu os órgãos internos.

Para descobrir se o sarcoma de Kaposi se disseminou para órgãos internos, pode-se realizar diversos exames. São eles:

  • raio X;
  • tomografia computadorizada (TC) com contraste;
  • endoscopia, para observar o aparelho digestivo;
  • broncoscopia, para observar as traqueias e as vias respiratórias dos pulmões.

O mapeamento (acompanhamento das lesões existentes ou novas) também é fundamental. Para isso, realiza-se o registro fotográfico periódico da pele do paciente.

Determinar o estágio é importante para definir a melhor estratégia de tratamento e prever o prognóstico. Mas, para os subtipos clássico, endêmico e adquirido, não há sistemas de estadiamento oficiais. Assim, as terapêuticas variam conforme o quadro de cada paciente.

Já no caso do subtipo epidêmico, existe um sistema de estadiamento desenvolvido pelo AIDS Clinical Trials Group (ACTG). Este considera o tamanho do tumor, as condições do sistema imunológico e se houve disseminação ou presença de HIV.

Como é o tratamento do sarcoma de Kaposi?

Cada caso é único e o tratamento adotado varia de acordo com o estágio e localização dos tumores. Mas, de maneira geral, quando há apenas uma ou duas manchas, o sarcoma de Kaposi pode ser tratado por meio de:

  • remoção cirúrgica;
  • criocirurgia, também chamada de crioterapia ou crioablação, feita com nitrogênio líquido;
  • eletrocoagulação, um tipo de cauterização;
  • terapia fotodinâmica, com uso de uma substância sensível a luz que permanece nas lesões por mais tempo, direcionando o laser.

Quando há muitas lesões, indica-se a radioterapia, quimioterapia ou imunoterapia. Além disso, existem os tratamentos para os sintomas e efeitos colaterais, que podem ser passageiros ou permanentes. Esses são uma parte importante da recuperação e costumam ser conduzidos por equipes multidisciplinares.

Já no caso dos pacientes que recorrem a drogas imunossupressoras, é preciso suspender ou ao menos reduzir, suas dosagens. E entre os casos relacionados ao HIV, o tratamento com medicamentos antirretrovirais pode gerar uma melhora considerável, administrada sozinha ou combinada à quimioterapia.

O que o paciente pode esperar dos tratamentos?

Em alguns casos, o tratamento consegue remover ou destruir inteiramente o sarcoma. Ainda assim, é preciso ir regularmente às consultas de acompanhamento.

No mais, para diminuir o risco de retorno, é importante adotar um estilo de vida saudável.

No entanto, nem sempre é possível chegar à cura da doença. Alguns pacientes podem necessitar de um tratamento regular com quimioterapia, radioterapia ou outras terapêuticas para manter o tumor controlado.

Assim, o importante é que, uma vez diagnosticado, o tratamento deve começar o quanto antes. Além disso, é importante tomar cuidado para restabelecer o sistema imunológico e mantê-lo saudável. A boa notícia é que, por meio de uma abordagem personalizada, as chances de cura ou, pelo menos, controle do sarcoma de Kaposi são altas!

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Publicado por: - Oncologista - CRM 170.446 | RQE 97248
O Dr. Roberto Pestana (CRM 170.446 | RQE 97248) é oncologista clínica do centro de oncologia do Hospital Israelita Albert Einstein. Além disso, ele é médico do ambulatório de sarcomas do Hospital Municipal Vila Santa Catarina.