Os sarcomas são um grupo de cânceres raros, originados nos tecidos conjuntivos, que podem aparecer em qualquer parte do organismo. O sarcoma uterino é um deles. Trata-se de uma forma menos comum de câncer do corpo do útero, com origem em células da musculatura ou no tecido que sustenta o órgão.

Neste artigo, o Dr. Roberto Pestana, oncologista clínico do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo (SP),e especialista em sarcomas, mostra os principais aspectos da doença. Se você ou alguma ente querida foi diagnosticada com esse tipo de câncer, esse conteúdo pode ser útil. Boa leitura!

O que é sarcoma uterino?

sarcoma uterino é um câncer do útero incomum. Enquanto os carcinomas (tumores que começam nas células epiteliais) são responsáveis por 95% dos tumores malignos do útero, os sarcomas respondem pelos 5% restantes.

Eles são classificados de acordo com o tipo de célula na qual tiveram origem. Os principais subtipos são:

  • sarcomas estromais do endométrio, que começam no estroma (tecido de suporte do endométrio, o tecido que reveste a parede interna do útero). Têm crescimento lento e são considerados de baixa agressividade;
  • leiomiossarcoma uterino, que se desenvolve a partir do miométrio (parede externa da musculatura do útero),cresce e se espalha rapidamente. É considerado o sarcoma uterino mais comum;
  • sarcomas indiferenciados, que podem surgir no endométrio ou no miométrio e tendem a crescer e se disseminar com rapidez, sendo ainda mais agressivos;
  • carcinossarcomas, que surgem no endométrio e têm tanto características de sarcomas como de carcinomas. São também chamados tumores mesodérmicos mistos malignos ou tumores müllerianos mistos malignos.

Quais são os sintomas mais comuns?

Os sintomas do sarcoma uterino são pouco específicos, comuns a muitos problemas no aparelho reprodutor feminino — por exemplo, miomas (um achado não canceroso). Em geral, esse tipo de tumor provoca:

  • dor na região pélvica;
  • corrimento vaginal sem sangue visível;
  • massa volumosa, que pode ser sentida;
  • sensação de estufamento;
  • micção frequente;
  • sangramentos irregulares entre os períodos menstruais ou após a menopausa.

Em muitos casos, a doença só dá os primeiros sinais em estágio já avançado. Infelizmente, exames femininos de rotina, como o Papanicolau ou o teste para o papilomavírus humano (HPV),não são úteis para identificá-la precocemente.

Como é o diagnóstico e o tratamento?

diagnóstico do sarcoma uterino muitas vezes pode ocorrer após a cirurgia para remoção do que se suspeitava ser um tumor fibroide benigno (leiomioma). Além disso, também é possível encontrá-lo, acidentalmente, após a histerectomia.

Já quando há sintomas, o diagnóstico se baseia na anamnese, nos exames físicos, nos exames laboratoriais e nos exames de imagem. A confirmação, no entanto, exige a realização de uma biópsia ou do procedimento de dilatação e curetagem.

Em relação à estratégia terapêutica, tudo depende do tipo e do estadiamento do tumor, bem como das condições específicas de cada paciente. Em geral, indica-se a remoção cirúrgica do tumor associada à radioterapia, quimioterapia e/ou hormonioterapia.

Quais são os fatores de risco para a doença?

Mulheres que realizaram radioterapia na região pélvica têm mais chances de desenvolver um sarcoma uterino. O tumor tende a ser diagnosticado entre 5 e 25 anos após a realização do tratamento.

Outro fator possivelmente relacionado é o histórico pessoal para retinoblastoma, um tipo de câncer de olho que surge nas células da retina. Trata-se do câncer ocular mais comum em crianças, que ocorre, geralmente, antes dos cinco anos de idade.

Vale reforçar que ter um ou mais fatores de risco não significa, necessariamente, que a pessoa desenvolverá um sarcoma uterino. Ao mesmo tempo, não ter nenhum fator de risco não é garantia de que se está a salvo da doença.

Para encerrar, se você, uma amiga ou alguma familiar foi diagnosticada com a doença, procure um oncologista especialista em sarcomas. O mesmo vale para quem tem sintomas suspeitos, que perduram por dias sem apresentar melhoras. Lembre-se que o sarcoma uterino, como todo tipo de câncer, exige agilidade no diagnóstico e precisão no tratamento.

Caso tenha alguma questão sobre o assunto, entre em contato. Estamos à disposição.

Compartilhe

Publicado por: - Oncologista - CRM 170.446 | RQE 97248
O Dr. Roberto Pestana (CRM 170.446 | RQE 97248) é oncologista clínica do centro de oncologia do Hospital Israelita Albert Einstein. Além disso, ele é médico do ambulatório de sarcomas do Hospital Municipal Vila Santa Catarina.