Importância da nutrição no tratamento de sarcomas

O tratamento de sarcomas — tumores malignos considerados raros e que, geralmente, surgem nos ossos ou nas partes moles — exige uma abordagem multidisciplinar. Isso significa que, para além dos tratamentos oncológicos, a nutrição tem um papel importante na recuperação dos pacientes acometidos pela doença.

Neste artigo, escrito sob revisão do Dr. Roberto Pestana, oncologista clínico especialista em sarcomas, que atende no Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, SP, abordamos o assunto. Continue a leitura e esclareça suas dúvidas!

Tratamento de sarcomas: como funciona?

A definição do tratamento de sarcomas é sempre individualizada. Para indicá-lo, o oncologista considera o quadro clínico do paciente e o estadiamento do tumor (tipo, tamanho, severidade, localização e risco de sofrer metástases).

Para saber mais, leia: O que é sarcoma? Dr. Roberto Pestana explica

Muitas vezes, recomenda-se a remoção cirúrgica do tumor, associada a outras terapêuticas, como quimioterapia, radioterapia, imunoterapia, hormonioterapia e/ou terapia alvo. Além disso, alguns tratamentos multidisciplinares, como a terapia nutricional, podem fazer toda a diferença na recuperação do paciente.

Terapia nutricional: uma poderosa aliada

Desnutrição e desordens metabólicas são problemas frequentes em pacientes oncológicos, principalmente, em idosos e naqueles em estágios mais avançados da doença. Isso porque, além do próprio curso da neoplasia, os tratamentos oncológicos podem provocar efeitos colaterais que afetam o estado nutricional. Por exemplo:

• o tratamento cirúrgico de determinados órgãos (especialmente cabeça, pescoço, esôfago, estômago e intestino) pode afetar a capacidade de deglutição e digestão;
• o período pós-operatório, por sua vez, pode levar a perda de apetite ou à sensação de saciedade constante;
• a radioterapia, quando realizada em qualquer parte do trato digestivo, pode prejudicar a alimentação — geralmente, os efeitos colaterais surgem algumas semanas após o início do tratamento;
• a quimioterapia, como se sabe, destrói não apenas as células tumorais, como também afeta algumas células sadias, incluindo as do trato digestivo;
• a quimioterapia, novamente, provoca sintomas que afetam a capacidade de se alimentar bem, como náuseas, vômitos, mucosite (inflamação da parte interna da boca),entre outros;
• a hormonioterapia causa diversos efeitos colaterais que atrapalham a alimentação, como náuseas, vômitos, boca seca, alterações no paladar, feridas na boca ou garganta, entre outros;
• a imunoterapia também pode provocar náuseas, vômitos, alterações intestinais e outros sintomas que atrapalham a alimentação adequada.

Portanto, saber o quê e como comer— antes, durante e depois do tratamento de sarcomas — ajuda o paciente a se sentir muito melhor. Além disso, também ajuda a deixá-lo mais saudável e a se recuperar mais rapidamente.

Formas de amenizar os efeitos colaterais na nutrição

Felizmente, é possível adotar algumas medidas para amenizar os referidos sintomas e favorecer a alimentação do paciente oncológico. No caso da cirurgia, por exemplo, recomenda-se preparar o organismo com um aumento de calorias na dieta pré-operatória. Dessa forma, é possível “reservar” as calorias extras, que o organismo necessitará para se recuperar do procedimento e, eventualmente, combater infecções.

Para os demais, o nutricionista pode sugerir estratégias que variam conforme o quadro clínico individual e os tratamentos adotados. Por exemplo:

• para driblar a falta de apetite, recomenda-se fracionar as refeições em pequenas porções, divididas ao longo do dia;
• para prevenir a perda de peso e de proteínas, pode-se indicar a ingestão de whey protein ou outros suplementos;
• para evitar as náuseas e vômitos, recomenda-se beber líquidos gelados, em pequenas doses, e evitar alimentos condimentados, muito doces, com cheiros fortes e/ou gordurosos;
• para aliviar a secura bucal, indica-se beber líquidos com frequência, comer alimentos ácidos (que estimulam a salivação) e preferir preparos úmidos e macios;
• para melhorar a saliva espessa, deve-se ingerir água tônica, água com gás ou suco de mamão;
• para melhorar a mucosite oral, deve-se evitar álcool, cafeína, vinagre, pimenta e tomate;
• para minimizar a fadiga, recomenda-se ingerir nutrientes bem variados;
• para aliviar a sensação de gosto metálico, indica-se optar por alimentos frescos, ao invés de alimentos quentes;
• para evitar problemas na boca e nos dentes, deve-se manter uma boa higiene oral;
• além disso, nos dias em que tiver sessões de tratamento, recomenda-se ingerir alimentos leves.

Importância do cuidado integral ao paciente

Como mostrado, as estratégias de intervenção nutricional são muito importantes no tratamento de sarcomas, pois melhoram o estado clínico geral do paciente. Mas, para serem seguras e efetivas, é imprescindível seguir as orientações individualizadas do nutricionista, que atua em conjunto com o oncologista responsável.

Para mais informações, agende uma consulta (presencialmente, na capital paulista, ou por telemedicina) e faça uma avaliação com o Dr. Roberto. Afinal, além de especialista em sarcomas, ele é adepto dos tratamentos multidisciplinares voltados ao cuidado integral dos pacientes!