
Desconforto estomacal: saiba o que pode indicar!
O desconforto estomacal nem sempre é simples de ser investigado e, muitas vezes, esse processo se dá por exclusão. Quando não existe uma causa direta, como uma alteração no estômago que justifique o quadro, o paciente pode passar muito tempo convivendo com o sintoma até chegar a um diagnóstico preciso.
Neste artigo, o Dr. Roberto Pestana, médico oncologista do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, SP, joga luz sobre o assunto. Para entender como se dá o diagnóstico do sintoma, bem como o que fazer caso apresente o problema, continue a leitura!
Quais são as possíveis causas do desconforto estomacal?
A dor ou o desconforto estomacal crônico ou recorrente pode ter diversas causas. A seguir, conheça as mais comuns.
Gastrite
A gastrite é uma inflamação do estômago. Ela provoca, principalmente, sensação de queimação, mas também pode gerar outros incômodos.
Quando crônica, instala-se aos poucos e persiste ao longo do tempo. Nesses casos, costuma ser desencadeada pela bactéria Helicobacter pylori (H. pylori),mas pode piorar ou melhorar conforme a qualidade da alimentação. Se não tratada, pode evoluir e formar úlceras.
Úlcera péptica
A úlcera péptica provoca sintomas quando o estômago está vazio, inclusive, durante o sono. Gera sensação de queimação, assim como outros tipos de desconforto estomacal, que podem permanecer por semanas, alternando-se com períodos assintomáticos.
Na maioria das vezes, esse tipo de úlcera se desenvolve nas paredes do estômago, esôfago ou duodeno. O problema costuma ser causado pela infecção da bactéria H. pylori e pelo uso abusivo de medicamentos anti-inflamatórios.
Refluxo gastroesofágico
O refluxo gastroesofágico, também chamado de doença do refluxo gastroesofágico (DRGE),pode gerar azia, regurgitação, entre outros sintomas. Ele ocorre devido à disfunção no esfíncter que separa o estômago, permitindo que o suco gástrico vaze em direção ao esôfago.
Parasitoses
Certos tipos de parasitoses podem provocar dor abdominal, enjoos, entre outros tipos de desconforto estomacal. A mais frequente é a estrongiloidíase, causada pelo helminto Strongyloides stercolaris.
Dispepsia funcional
A dispepsia funcional é uma condição bastante comum de dor estomacal crônica, que atinge cerca de 20% da população. O sintoma contínuo, com início há, pelo menos, seis meses, pode se manifestar como:
- dor epigástrica, localizada na altura da “boca do estômago”;
- empanzinamento pós-prandial (após as refeições),com estômago notadamente distendido;
- saciedade precoce, após ter ingerido pouca quantidade de comida;
- queimação, azia e/ou náuseas;
- excesso de gases;
- e/ou sensação de má digestão.
O que todos esses sintomas podem significar?
Entre os que manifestam um ou mais dos referidos sintomas, apenas 25% recebem um diagnóstico. Geralmente, tratam-se de quadros de gastrite, refluxo gastroesofágico ou úlcera gástrica ou duodenal.
Os 75% restantes, mesmo após uma extensa investigação médica, pautada em análises clínicas e exames de imagem e endoscópicos, não têm diagnósticos que justifiquem os sintomas. Nesses casos, o quadro é classificado apenas como dispepsia funcional.
As causas para a dispepsia funcional são desconhecidas. Porém, existem quatro fatores possivelmente relacionados:
- distúrbios motores nos músculos estomacais, que atrasam o esvaziamento gástrico;
- distúrbios psicológicos, como ansiedade e depressão;
- hipersensibilidade à distensão estomacal pós-prandial;
- infecção pela bactéria H. pylori.
Além disso, o estilo de vida também influencia sua ocorrência. Quem fuma, ingere álcool e/ou refrigerantes e utiliza medicamentos anti-inflamatórios e alguns antibióticos com elevada frequência tem mais chances de sentir desconforto estomacal decorrente da dispepsia funcional.
O desconforto estomacal pode ser um sintoma de câncer?
Em certos casos, o desconforto estomacal pode, sim, ter relação com um câncer gastrointestinal. Mas, felizmente, essa é uma causa bastante incomum.
Saiba mais em: O que é câncer gastrointestinal?
Alguns fatores acendem o sinal de alerta para a possibilidade de uma neoplasia. Entre eles, destacam-se:
- presença da bactéria H. pylori;
- histórico de câncer gastrointestinal na família;
- massa palpável no abdômen ou sensação de inchaço abdominal;
- dificuldade para engolir;
- anemia (ou deficiência de ferro);
- perda de peso não intencional;
- episódios de vômitos frequentes;
- diarreia ou constipação persistentes, que não costumavam ocorrer;
- presença de sangue nas fezes;
- cansaço constante e sem motivo aparente;
- icterícia (pele e olhos amarelados).
Vale destacar que, em seus estágios iniciais, grande parte dos tumores gastrointestinais é assintomática. Por isso, a maioria das pessoas com esse tipo de neoplasia acaba sendo diagnosticada, apenas, quando o tumor está mais avançado.
Como agir caso sinta desconforto estomacal?
O mais importante é não deixar o sintoma para lá, ainda que o mesmo não seja incapacitante. Assim, ao sentir um ou mais sintomas de desconforto estomacal persistente, deve-se continuar com a investigação até chegar a um diagnóstico satisfatório — mesmo que seja de dispepsia funcional.
Caso tenha histórico familiar para alguma das possíveis causas aqui mostradas, assim como outros fatores de risco importantes, consulte um gastroenterologista o quanto antes. Assim, é possível aderir ao tratamento adequado e recuperar, dentro do possível, sua saúde e qualidade de vida.
E quando é necessário procurar um oncologista?
Se for descoberto que a causa do desconforto estomacal é um tumor, o gastroenterologista encaminhará o paciente para um oncologista especialista em tumores gastrointestinais. Além disso, outra situação na qual é recomendado procurá-lo, ainda que preventivamente, é quando existe histórico familiar desse tipo de neoplasia. Por isso, não deixe de compartilhar essa informação com seu médico.
Cabe ao oncologista aprofundar a investigação, por meio de novos exames — incluindo uma biópsia. Ele também irá avaliar a saúde geral do paciente e, considerando as condições do tumor (tipo e estadiamento),indicar a estratégia terapêutica mais adequada.
O objetivo do tratamento pode ser tanto curativo como paliativo, visando prevenir complicações e melhorar a qualidade de vida do paciente. Para aumentar as chances de um desfecho positivo, o tratamento deve ser oportuno, ou seja, começar o mais precocemente possível!
Um aspecto importante é que as opções terapêuticas são apresentadas pelo oncologista, mas a decisão sobre qual caminho seguir é discutida e definida junto do paciente. Isso porque a escolha deve ser efetiva e, sempre que possível, respeitar as preferências individuais.
Portanto, agora que você sabe o que o desconforto estomacal pode indicar, não vacile. Procure um especialista e insista na investigação até que haja um diagnóstico efetivo. A partir daí, siga as orientações e vá em busca da sua saúde: essa é sempre a melhor estratégia a ser seguida!
Para concluir, esperamos que o artigo tenha sido conscientizador. Se desejar, agende uma consulta com o Dr. Roberto. O atendimento pode ser presencial, na capital paulista, ou virtual, por chamada de vídeo (telemedicina)!
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