“Dr., acabou a quimioterapia. E agora?”, questionam vários pacientes oncológicos ao concluir a última sessão. Durante as fases de diagnóstico e tratamento do câncer, as atenções são todas para o combate à doença. Algum tempo depois, chega-se a tão aguardada fase de acompanhamento ou seguimento.

É sobre ela que falamos neste artigo. Se você deseja saber quais são os cuidados após o fim do tratamento quimioterápico, continue a leitura!

O que é a quimioterapia?

A quimioterapia é um tratamento oncológico que usa medicamentos para matar células tumorais. Ela tem ação sistêmica, ou seja, alcança células cancerosas presentes em todo o organismo. Seu objetivo pode ser curativo, de controle ou paliativo.

O tratamento quimioterápico é feito em ciclos, cuja quantidade de sessões é determinada pelo oncologista responsável. Dependendo da efetividade, pode ser preciso fazer alterações nos protocolos ao longo de sua realização.

Última sessão

A última sessão de quimioterapia segue o padrão das demais. Apesar do procedimento ser realizado normalmente, trata-se de um importante marco para o paciente.

Acabou a quimioterapia. E agora?

Acabou a quimioterapia e agora é hora de encarar a vida por uma nova perspectiva. Esse momento é considerado pelos oncologistas e seus pacientes como a conclusão de uma fase. Na prática, ele reforça a esperança de cura, traz uma sensação de alívio e renova o ânimo para seguir em frente.

Mas, para poder virar a página, é preciso ter ciência de uma série de cuidados, relacionados a mudanças de hábitos e de rotina. A boa notícia é que, para quem já chegou até aqui, segui-los é um verdadeiro prazer. Confira o que fazer!

Mantenha a rotina médica em dia

encerramento do tratamento ativo não significa que o paciente não precisa mais de acompanhamento. De tempos em tempos, deve-se ir às consultas médicas de rotina, cujo cronograma é individual, para:

  • monitorar a saúde de maneira geral, o que inclui realizar exames clínicos e laboratoriais;
  • tratar sintomas desagradáveis, como dificuldade para dormir, fadiga, dor persistente, problemas de memória, entre outros;
  • verificar, precocemente, se há recorrência (retorno do câncer ou surgimento de outro tumor).

Adote um estilo de vida saudável

Ter um estilo de vida saudável é essencial para melhorar a qualidade de vida e prevenir doenças. Para isso, é preciso cuidar da alimentação e praticar atividades físicas regularmente, bem como não fumar e evitar bebidas alcoólicas. Entenda melhor a seguir.

Dieta pós-câncer

Comer de forma balanceada, dando preferência a alimentos in natura e minimamente processados, é importante para todos — principalmente, quando se está em processo de recuperação. Na prática, procure ingerir duas porções de frutas e três de verduras e legumes por dia. Uma porção equivale à quantidade que cabe na palma da sua mão.

Exercícios físicos

Se possível, pratique uma ou mais atividades físicas de sua preferência. Além de prevenir a obesidade (fator de risco para o câncer) e combater o estresse e a ansiedade, o esporte ainda aumenta a disposição e melhora a qualidade do sono.

Álcool e cigarro

Não existem níveis seguros para o consumo de bebidas alcoólicas. Caso opte por beber em uma ocasião especial, limite-se a uma dose (para mulheres) ou duas (para homens).

Quanto ao cigarro, apague essa ideia. Fumar é um hábito que deve ficar no passado, pois é um fator de risco ligado, diretamente, ao surgimento do câncer.

Cuidados com a saúde mental

Nessa hora, é importante lembrar que tudo o que pode ser feito para prevenir recidivas está sendo feito. Além

disso, para lidar com o turbilhão de emoções, pode ser importante fazer um acompanhamento psicoterápico, seja individualmente ou por meio de grupos de apoio.

Leia tambémA importância de cuidar da saúde mental no tratamento do câncer

Tratamentos para efeitos colaterais tardios

Ainda que seja raro, alguns efeitos colaterais podem surgir após meses, ou mesmo anos, do término da quimioterapia. As possíveis consequências variam de alterações renais, pulmonares, reprodutivas e/ou cardíacas. Geralmente, as sequelas têm a ver com o tipo de quimioterápico utilizado.

Durante a rotina de acompanhamento, o médico responsável fica atento a qualquer complicação. Cabe a ele gerenciar os efeitos colaterais tardios, indicando como contorná-los — inclusive, encaminhando o paciente, se preciso, para outros especialistas.

Tratamentos para conseguir gerar filhos

Muitas pessoas acabam revendo suas vidas após enfrentar um câncer. Não raro, há aqueles que entendem que acabou a quimioterapia e agora é hora de aumentar a família.

No entanto, mesmo quem fez criopreservação (congelamento de óvulos, espermatozoides ou embriões) precisa aguardar a liberação do oncologista responsável para tentar gerar filhos após o tratamento quimioterápico. Em média, recomenda-se aguardar até dois anos antes de iniciar as tentativas de engravidar. Isso porque, o risco de o câncer recidivar (voltar) nesse período é maior.

Vale destacar que em técnicas reprodutivas consideradas de alta complexidade, o embrião formado é transferido para o útero. Assim, ainda que seja uma operação complexa, com o devido planejamento, muitas vezes, a gravidez após a quimioterapia é possível.

Quais são os especialistas envolvidos nessa nova fase?

Nessa fase, como foi possível perceber, além do carinho de amigos e familiares, é muito importante contar com o apoio de uma equipe multidisciplinar. Juntos, psicólogo, nutricionista, educador físico, especialista em oncofertilidade e/ou outros auxiliam o paciente para que ele consiga, gradualmente, retomar as atividades que exercia.

Para concluir, anime-se: acabou a quimioterapia! E agora, é normal sentir um misto de alegria, ansiedade e medo, tudo junto e misturado. Se pudermos dar um conselho, recomendamos encarar o momento como uma vitória. Por isso, comemore com seus entes queridos, respeite as recomendações dos especialistas e siga em frente. Você merece!

Caso tenha alguma dúvida, estamos à disposição. Entre em contato e agende uma consulta com o Dr. Roberto Pestana, oncologista clínico no Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, SP. Ele atende tanto presencialmente, na capital paulista, como online, por telemedicina!

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Publicado por: - Oncologista - CRM 170.446 | RQE 97248
Dr. Roberto Pestana (CRM 170.446 | RQE 97248) é oncologista clínico no Hospital Israelita Albert Einstein, especialista em sarcomas e tumores gastrointestinais. Com doutorado em Medicina de Precisão pela Faculdade Israelita de Ciências da Saúde Albert Einstein e fellowship no MD Anderson Cancer Center, é reconhecido pela atuação em pesquisas clínicas e tratamentos inovadores, sempre com foco no cuidado integral e humanizado.