O que é recidiva do câncer e como ela pode ser prevenida ou tratada

O que é recidiva do câncer e como ela pode ser prevenida ou tratada

O conceito de recidiva do câncer consiste no retorno da doença após o término do tratamento. Na maioria das vezes, a recorrência se dá nos primeiros cinco anos. Porém, há casos de reaparecimento tardio — até mesmo, algumas décadas depois da alta.

Neste artigo, revisado pelo Dr. Roberto Pestana, oncologista clínico especialista em tumores gastrointestinais e sarcomas, do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, SP, explicamos o evento. Se você está preocupado e/ou tem dúvidas a respeito, continue a leitura!

O que pode levar à recidiva do câncer?

Antes de responder à pergunta, vale destacar que tumores diagnosticados em estágios iniciais têm menos chances de retornarem. Por outro lado, tumores detectados em estágios avançados são mais propensos à recorrência.

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Dito isso, vamos à explicação. Apesar dos tratamentos oncológicos objetivarem a eliminação da doença, células cancerígenas residuais podem voltar a crescer, levando à chamada recidiva. Mas, atenção: o fenômeno não significa que a abordagem foi incorreta, pois pacientes cujos tratamentos foram considerados bem-sucedidos também podem apresentar o problema.

É por isso que as equipes médicas evitam falar em cura do câncer imediatamente após o término do tratamento. Afinal, mesmo que não haja mais sinais da doença, a chance de recidiva existe para a maioria das neoplasias.

A partir de quando a chance de recorrência diminui?

Em geral, após cinco anos do término do tratamento, o risco de recidiva do câncer se torna baixo. Dessa forma, considera-se curado o paciente que, após cinco anos de seguimento, apresente os resultados de seus exames normais.

Saiba maisDr. Roberto explica: afinal, o câncer tem cura?

Por isso, a única forma de ter certeza que o câncer não voltou é mantendo o acompanhamento médico regularmente. Isso envolve a ida às consultas periódicas e a realização de exames de sangue e de imagem.

As células cancerígenas podem se “esconder”?

Ao que tudo indica, sim. Existem teorias que dizem respeito à capacidade de algumas células cancerígenas se “esconderem” por longos períodos. É o caso das células-tronco tumorais, um subgrupo que se divide mais lentamente, tornando-se mais resistentes à quimioterapia adjuvante.

Há, também, o conceito de células cancerígenas remanescentes, que permanecem “adormecidas” (inativas) no organismo, sem ser detectadas. Acontece que, sob determinadas circunstâncias, elas voltam a crescer e se multiplicar rapidamente.

Quais são os tipos de recidivas existentes?

Na maioria das vezes, a recorrência ocorre devido a uma metástase (disseminação da doença à distância). Por isso, o câncer recidivado costuma ser mais avançado do que o inicialmente diagnosticado. Na prática, um câncer diagnosticado e tratado em estágio inicial pode reaparecer em estágio avançado, em um local diferente.

Além disso, o câncer também pode recidivar no mesmo local onde foi tratado. Isso ocorre após um período de remissão (ausência) temporária da doença.

Assim, o retorno do câncer pode ser classificado como:

  • recidiva local, quando a doença volta no mesmo local ou próximo a ele;
  • recidiva regional, quando retorna nos linfonodos ou nos tecidos adjacentes;
  • doença metastática, quanto ressurge em um órgão ou outra estrutura à distância.

É possível prevenir o retorno do câncer?

O principal protocolo para prevenir o retorno do câncer, após o tratamento cirúrgico e/ou radioterápico, é realizar a quimioterapia adjuvante. Essa consiste em algumas sessões de quimioterapia, administradas com o intuito de eliminar eventuais células cancerígenas remanescentes.

Essa medida é indicada mesmo quando nenhuma célula cancerígena é encontrada nas margens do tumor. Afinal, algumas delas podem ter se disseminado por meio do sistema linfático ou corrente sanguínea, indo para outras regiões (originando novos tumores). A essas células indetectáveis, dá-se o nome de micrometástases.

Outra estratégia de prevenção à recidiva do câncer, que visa proteger os pacientes tratados com quimioterapia, é o uso de mais de um quimioterápico. Isso é necessário porque cada medicamento age em um ponto específico do processo de divisão celular, possibilitando que células que se encontram em estágios diferentes sobrevivam.

E tem mais! Outro fator que joga a favor da prevenção da recidiva do câncer é manter uma boa imunidade, o que ajuda manter eventuais células cancerígenas “adormecidas”.

Como é o tratamento da volta do câncer?

A definição da estratégia de tratamento de um câncer que voltou depende de diferentes fatores, incluindo:

  • o tipo de tratamento realizado anteriormente;
  • o tempo dispendido desde o primeiro diagnóstico;
  • o tamanho e a localização do tumor recidivado;
  • a idade e o estado de saúde geral do paciente.

No mais, recomenda-se, sempre que possível, realizar exercícios físicos, assim como se alimentar de forma saudável. Também é importante manter o estresse sob controle e fazer um bom gerenciamento das emoções. Tudo isso ajuda a melhorar o prognóstico.

Por isso, o tratamento da recidiva do câncer é conduzido pelo oncologista, mas acompanhado por uma equipe multidisciplinar. Essa é a melhor forma de se preparar para superar o desafio, rumo à cura ou, pelo menos, ao controle da doença!

Esperamos que o artigo tenha sido conscientizador. Mas, se ainda restarem dúvidas, agende uma consulta para conversar com o Dr. Roberto. Para facilitar, o especialista atende tanto em seu consultório, na capital paulista, como remotamente, por telemedicina!

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Publicado por: - Oncologista - CRM 170.446 | RQE 97248
Dr. Roberto Pestana (CRM 170.446 | RQE 97248) é oncologista clínico no Hospital Israelita Albert Einstein, especialista em sarcomas e tumores gastrointestinais. Com doutorado em Medicina de Precisão pela Faculdade Israelita de Ciências da Saúde Albert Einstein e fellowship no MD Anderson Cancer Center, é reconhecido pela atuação em pesquisas clínicas e tratamentos inovadores, sempre com foco no cuidado integral e humanizado.