esôfago de Barrett (EB) consiste na alteração das células que revestem o órgão, devido à doença do refluxo gastroesofágico (DRGE) prolongada. Sua importância se deve ao risco de progressão para câncer.

Neste artigo, explicamos como o problema ocorre, como é o tratamento e o que fazer para preveni-lo. Para saber mais a respeito dessa condição pré-maligna, continue a leitura!

O que é o esôfago de Barrett?

O esôfago de Barrett é uma patologia mais prevalente em homens, com idades entre 50 e 70 anos. Trata-se de uma complicação da doença do refluxo gastroesofágico de longa duração, na qual o revestimento esofágico (epitélio estratificado pavimentoso) se torna semelhante ao revestimento intestinal (epitélio colunar especializado). A essa alteração estrutural, dá-se o nome de esôfago de Barret.

Sendo assim, sua ocorrência é uma resposta adaptativa do organismo, relacionada ao refluxo de ácido gástrico. Isso, por sua vez, provoca esofagite (inflamação do esôfago),o que faz com que as células do órgão sofram uma série de alterações, tornando-se pré-cancerosas.

Vale destacar que a displasia, ou seja, o desenvolvimento celular anormal, é o principal indicativo do risco de evolução para adenocarcinoma do esôfago. Portanto, pessoas com esôfago de Barrett são mais propensas a desenvolver esse tipo de câncer do que quem não possui a condição.

Quais são os sintomas?

Os principais sintomas do esôfago de Barrett  e doença do refluxo são a azia, a regurgitação, os arrotos, a dificuldade de deglutição, a disfagia (dificuldade para engolir). No entanto, a doença do refluxo gastroesofágico, seu fator predisponente, muitas vezes é assintomática. Isso contribui para o atraso no diagnóstico, pois as pessoas não buscam atendimento médico.

Como é o diagnóstico?

Apesar do considerável número de casos, o diagnóstico do esôfago de Barrett é difícil.

Assim, a investigação da displasia é feita endoscopicamente e se baseia na reatividade e regeneração epitelial da inflamação da mucosa. A confirmação, por sua vez, é dada pelo exame anatomopatológico (biópsia).

Como é o tratamento?

O tipo de displasia é o que orientará a conduta clínica. Confirmada a patologia, o paciente pode apresentar:

  • esôfago de Barrett negativo para displasia;
  • esôfago de Barrett com displasia de baixo grau;
  • esôfago de Barrett com displasia de alto grau.

Geralmente, o tratamento consiste na ressecção endoscópica e na terapia de ablação por radiofrequência. Em alguns casos, pode-se indicar a remoção cirúrgica do tecido afetado.

Quais são as chances de a doença evoluir?

O risco de desenvolver adenocarcinoma devido ao esôfago de Barrett não é bem estabelecido. Estimativas apontam que o mesmo seja 5 a 30 maior do que na população geral.

Isso ocorre porque parte das células anormais que revestem o órgão, consideradas pré-cancerosas, podem permanecer no organismo mesmo após o tratamento. Portanto, pessoas com essa condição devem realizar o acompanhamento médico periódico, por meio da endoscopia. Dessa forma, caso desenvolvam um tumor, a abordagem precoce e oportuna favorecerá o prognóstico.

Como prevenir o risco de câncer?

Recomenda-se adotar as mesmas medidas necessárias para evitar a doença do refluxo gastroesofágico. Essas dizem respeito, principalmente, a:

  • evitar o consumo de café, refrigerantes, sucos ácidos (limão, laranja, entre outros) e bebidas alcoólicas;
  • evitar a ingestão de frituras e alimentos gordurosos;
  • interromper a alimentação, pelo menos, três horas antes de dormir;
  • eliminar o sobrepeso e buscar se manter no peso ideal;
  • não fumar.

Para concluir, pacientes com esôfago de Barrett que apresentam metaplasia intestinal especializada precisam ser acompanhados por um especialista periodicamente. Essa é a melhor maneira de identificar, o mais cedo possível, o surgimento de um eventual adenocarcinoma, evitando maiores complicações.

Em caso de dúvidas sobre o assunto, entre em contato para podermos esclarecê-las. Estamos à disposição!

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Publicado por: - Oncologista - CRM 170.446 | RQE 97248
O Dr. Roberto Pestana (CRM 170.446 | RQE 97248) é oncologista clínica do centro de oncologia do Hospital Israelita Albert Einstein. Além disso, ele é médico do ambulatório de sarcomas do Hospital Municipal Vila Santa Catarina.