Fertilidade e quimioterapia: qual a relação?
Pacientes oncológicos têm o direito de conhecer a relação entre fertilidade e quimioterapia. Nem todos sabem, mas um dos efeitos colaterais dos quimioterápicos é comprometer a qualidade das células reprodutivas. Felizmente, é possível adotar alguns cuidados para viabilizar a maternidade ou a paternidade biológica após o término do tratamento.
Neste artigo, aprofundamos a questão e reforçamos a importância do acompanhamento multidisciplinar na recuperação do paciente. Continue a leitura e esclareça suas dúvidas!
Qual é a relação entre fertilidade e quimioterapia?
A quimioterapia é um tratamento medicamentoso sistêmico. Ou seja, ela mata as células tumorais, mas também pode prejudicar as células saudáveis, principalmente as que se multiplicam rapidamente. É o caso, justamente, das células germinativas, mais conhecidas como óvulos e espermatozoides.
Estima-se que 70% das pacientes jovens, em plena idade fértil, não consigam restabelecer sua função ovariana após esse tipo de tratamento. Entre os 30% que conseguem, a recuperação pode levar de seis a 48 meses. Já no caso dos homens, o risco de ficar permanentemente infértil após a quimioterapia é de 50%.
Vale destacar, ainda, que quanto mais cedo for feito o diagnóstico do câncer, maiores as chances de preservar a capacidade reprodutiva do(a) paciente. Por outro lado, se o tumor estiver em um estágio avançado, que demande o início imediato da quimioterapia, a preservação pode se tornar inviável.
Por que o cuidado multidisciplinar é importante?
Manter a qualidade de vida dos pacientes é tão importante quanto curar o câncer. Sabe-se que a infertilidade decorrente da quimioterapia, por exemplo, afeta diretamente essa qualidade de vida.
Nesse caso, entre em cena o especialista em reprodução humana com foco em oncofertilidade. Ele é quem define como preservar a capacidade fértil do paciente e como viabilizar, futuramente, a gravidez. Sendo assim, as estratégias adotadas podem ser as seguintes:
- congelamento de óvulos, espermatozoides ou embriões antes de começar a quimioterapia, e posterior tratamento de fertilidade (via inseminação artificial, fertilização in vitro ou outras técnicas) quando a doença estiver curada e houver o desejo de engravidar, mas a concepção não ocorra naturalmente;
- criopreservação de fragmentos de tecido ovariano ou testicular em crianças, para posterior reimplantação com intuito de resgatar a função reprodutiva.
A definição da melhor forma de preservar a fertilidade depende do tipo, localização e estágio do tumor, bem como da idade e sexo do(a) paciente. Tudo isso é feito em tempo hábil (levando de duas a três semanas),sempre com o aval do oncologista responsável.
Quais são os cuidados antes, durante e após o tratamento quimioterápico?
A maioria dos pacientes recupera a saúde e retorna à vida normal após o tratamento do câncer. Considerando isso, a relação entre fertilidade e quimioterapia (ou outro tratamento que comprometa a capacidade reprodutiva) não pode ser ignorada.
Antes de começá-la, como mencionado, pode-se preservar a fertilidade por meio da criopreservação. Isso é necessário porque, após o início das sessões, a toxidade dos quimioterápicos pode dificultar a coleta de células germinativas viáveis, comprometendo as chances de um futuro tratamento de fertilidade.
Ao término das sessões, deve-se adotar os cuidados pós-quimioterápicos comuns a todos os pacientes. São eles:
- ir às consultas periódicas, as quais servem para monitorar a saúde em geral;
- tratar sintomas remanescentes, como dificuldade para dormir, fadiga, perda da libido, entre outros surgidos após o tratamento;
- cuidar das complicações tardias, como alterações pulmonares, cardíacas, entre outras;
- ter um estilo de vida saudável que combine alimentação balanceada à prática regular de atividades físicas;
- não fumar e evitar, ao máximo, o consumo de bebidas alcoólicas.
Espero que a relação entre fertilidade e quimioterapia tenha ficado clara. Caso haja alguma dúvida sobre o assunto, entre em contato. Nossa equipe está à sua disposição!
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