Artigo do Dr. Roberto Pestana publicado na revista Nature Reviews Clinical Oncology
O maior entendimento da biologia e imunologia do câncer, com a identificação de alterações moleculares preditivas que ocorrem em tumores advindos de vários órgãos levou a uma nova classificação das neoplasias malignas. Essa classificação transcende a histologia, e marcou a inauguração da era do desenvolvimento tecido-agnóstico.
Dessa forma, estão sendo desenvolvidas terapias com base em alterações biológicas e marcadores imunológicos específicos, e não mais baseadas no tecido de origem. As aprovações recentes do pembrolizumabe para o tratamento de pacientes cujos tumores têm instabilidade microssatélite e larotrectinibe e entrectinibe para aqueles que tenham fusões do gene NTRK demonstraram a presença de uma via regulatória para a aprovações tecido-agnósticas.
Esse sucesso estimulou identificação de novos alvos com potencial para essa indicação. Importante frisar, aliás, que essa via foi reconhecida pela ANVISA, com a aprovação do larotrectinibe em 2019.
Entretanto, resultados apresentados nos últimos anos ressaltam a complexidade do modelo histológico-agnóstico, que ainda é incipiente e precisa de refinamentos. Dados recentes evidenciaram a presença de atividade histológico-específica, por exemplo, de terapia anti-BRAF e anti-HER-2. Ademais, quando o estudo envolve seleção de pacientes de múltiplas histologias potencialmente heterogêneas, é necessário desenho estatístico apropriado.
Compartilhe